Reflexões Leigas sobre a Lição 4 da Escola Sabatina

Sábado 23/10/2004

 

O JULGAMENTO DE NABUCODONOSOR – DANIEL 4

 

 

Candidato a deus

 

O rei Nabucodonosor já havia tido grandes e marcantes oportunidades de conhecer ao Deus Eterno de maneira bem pessoal. Primeiro foi sua experiência narrada no capítulo 2 onde acaba reconhecendo que o Deus de Daniel é o Deus soberano que revela os mistérios. Depois foi a impactante experiência descrita em Daniel 3 quando teve a oportunidade de conhecer a Deus como aquele que salva, liberta, protege e preserva seus seguidores. Sua vida foi profundamente impressionada pelo Deus Eterno. Era a graça de Deus em ação na sua vida!

 

Porém, o tempo foi passando, e o impacto da poderosa ação de Deus caiu no esquecimento devido não ser seguido de uma maior proximidade e dependência deste mesmo Deus. Satanás é muito astuto e sabe como roubar uma semente que cai à beira do caminho, ou sufocar e matar aquela outra que cai entre os espinhos ou em terreno pedregoso. Temos que ser extremamente cuidadosos, pois não importa quão grandiosa e fenomenal tenha sido a atuação de Deus em algum período de nossa vida, se menosprezarmos o relacionamento e dependência dEle hoje, fatalmente repetiremos o erro do rei Nabucodonosor.

 

E qual foi o seu erro? Candidatar-se ao cargo de deus! Aliás, devido a função que já exercia e ao poder e prestígio que já desfrutava, ele não se achava muito distante de suas pretensões. Satanás havia conseguido colocar no seu coração o mesmo sentimento e desejo que ele possuía: querer ser reconhecido e adorado como um deus.

 

Em Isaías 14 vemos nas palavras ditas ao rei de Babilônia que o seu orgulho e as suas pretensões eram exatamente as mesmas que as alimentadas por Satanás. No volume 6 da coleção de livros intitulada The Expositor’s Bible Commentary na página 105 lemos:

 

“Pois o orgulho do rei de Babilônia era verdadeiramente satânico. Quando Satanás coloca a sua maligna vontade em ação através dos governantes deste mundo, reproduz neles suas ímpias características, para que se tornem sombras virtuais das quais ele é a substância. Esta passagem [Isaías 14:12-17] aponta claramente a Satanás, da mesma forma que os reis da linhagem de Davi apontavam para Cristo.”

 

Em Isaías 14 temos que o rei histórico de Babilônia é o objeto primário da mensagem de condenação do profeta, todavia o rei terrestre de Babilônia é um representante de Satanás em sua pretensão de ser reconhecido e adorado como um deus. O texto oscila entre o rei histórico e o supremo chefe espiritual de babilônia, que age por trás do rei histórico (como se fossem dois slides superpostos).

 

Ellen White deixou registrado no livro O Desejado de Todas as Nações na página 435:

 

“A luta pelo mais alto lugar é a operação do mesmo espírito que deu origem à grande controvérsia nos mundo de cima.”

 

Infelizmente aqueles que acreditam na Trindade não possuem noção de quão diabólico é este dogma instituído por aquela que hoje conhecemos como Igreja Católica Apostólica Romana. Depois de tudo aquilo que tive a oportunidade de conhecer sobre este assunto, e o relacionando com o grande conflito entre Cristo e Satanás, não tenho dúvidas que o mentor de tal heresia se chama “diabo”.

 

Analisem: Satanás tentou, mas não conseguiu ser reconhecido e adorado como um deus lá no céu, portanto, agora ele procura a todo custo ser reconhecido e adorado aqui na terra como tal. Porém, a Bíblia ensina claramente aos seres humanos que os únicos seres dignos de adoração em todo o universo são o Deus Eterno e Seu Filho unigênito. Como o diabo poderá modificar as coisas de forma a fazer todos entenderem que ele poderia ser um terceiro ser digno de ser adorado juntamente com o Deus Eterno e Seu Filho? Inventando uma suposta Trindade divina!

 

Aquele que abaixo de Cristo era o ser mais exaltado e honrado no céu não se contentou com sua posição destaque. Ele queria penetrar inteiramente nos propósitos do Deus Eterno assim como o Filho Deus podia fazer. Ele queria partilhar do trono do Deus Eterno assim como o Filho partilhava. Ele queria que naquele Concílio quando o Deus Eterno convocou todos os anjos à Sua presença, e ali apresentou a verdadeira posição de Seu Filho, que o seu nome tivesse sido incluído junto com o de Cristo. Ele queria ter sua presença reconhecida no universo como a presença do próprio Deus Eterno, assim como Cristo o era por decreto do Altíssimo (ver textos de EGW no comentário anterior).

 

Percebem como o dogma da Trindade atende justamente as pretensões do diabo? A doutrina antibíblica da Trindade ensina que são três os seres dignos de louvor e adoração. E é exatamente isto que o diabo está querendo provar para o universo: que são três os seres que poderiam muito bem estar governando no trono do céu.

 

Alguém pode querer perguntar: “Mas você está querendo dizer que o Espírito Santo, a terceira pessoa da (suposta) Trindade, é o diabo?” Não! De forma alguma! Eu sei que existem alguns que fazem questão de dizer que nós unitarianos dizemos que o Espírito Santo é o diabo, mas isto é proveniente de uma má compreensão daquilo que acreditamos. O Espírito Santo está na Bíblia e é claramente descrito como o Espírito de Deus e o Espírito de Seu Filho em atuação no mundo para convencer a todos os seres humanos do pecado, da justiça e do juízo. O Espírito Santo é a expressão bíblica que resume a realidade de que tanto o Pai como o Filho estão em ação inteiramente envolvidos e comprometidos com a salvação da raça humana:

 

“Ninguém pode vir a Mim, se o Pai que me enviou não o trouxer...” João 6:44

 

“... Ninguém vem ao Pai, senão por Mim” João 14:6

 

Mas quando o Espírito Santo é apresentado como um ser pessoal, a terceira pessoa da Trindade em posição igual a que ocupam o Pai e o Filho no trono do universo, é feito o jogo do diabo, pois é ele que queria ser esta terceira pessoa.

 

 

O sonho

 

O rei Nabucodonosor teve mais um impressionante sonho. A data provável para este segundo sonho seja o ano 569 a.C.. Então temos a seguinte cronologia:

 

 

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              605 a.C.                602 a.C.              594 a.C.               569 a.C.

           Capítulo 1             Capítulo 2            Capítulo 3            Capítulo 4

 

 

Ao compararmos os episódios do capítulo 2 com os do capítulo 4 notamos que:

 

Capítulo 2

Capítulo 4

Um sonho impressionante

Um sonho impressionante

O rei esqueceu o sonho

O rei se lembrava do que sonhou

Os sábios são chamados

Os sábios são chamados

Os sábios insistem em querer saber o sonho para poder dar a interpretação

Os sábios ouvem o rei contar o sonho, mas não se arriscam a dar uma interpretação*

Os sábios não conseguem atender o pedido do rei

Os sábios não conseguem atender o pedido do rei

O rei se enfurece e decreta a morte de todos os sábios da corte

Não é revelado que o rei tenha tido algum tipo de reação

Daniel se apresenta

Daniel se apresenta

Daniel após orar a Deus juntamente com seus companheiros, apresenta-se perante o rei e conta-lhe o sonho que o Deus Eterno lhe havia revelado

Daniel, que goza de uma excelente reputação perante o rei ouve a descrição do sonho

Daniel apresenta imediatamente a interpretação do sonho

Daniel apresenta relutantemente a interpretação do sonho

O rei exalta o Deus Eterno

Não é mencionada nenhuma gratidão a Deus por parte do rei

Daniel é honrado e exaltado

Daniel apela ao rei para que se arrependa

O rei não teve a oportunidade de ver o cumprimento da profecia

O rei teve a oportunidade de experimentar o cumprimento da profecia

No Capítulo 3 o rei se rebela contra a interpretação do sonho e desafia o Deus Eterno

O rei finalmente se arrepende de seu orgulho e se converte definitivamente ao Deus Eterno

 

*Provavelmente os sábios da corte do rei não arriscaram nenhuma interpretação com receio de serem desmentidos por Daniel (certamente o rei iria consulta-lo posteriormente). A experiência que eles viveram no capítulo 2 fez com que, além de serem muito gratos a Daniel e ao seu Deus por suas vidas poderem ter sido poupadas, pudessem ser mais honestos quanto às suas limitações e mais prudentes em relação a Daniel e seu Deus.

 

Os historiadores datam a morte do rei Nabucodonosor no ano 562 a.C.. Se tivermos que o capítulo 4 aconteceu no ano 569 a.C., e que a doença do rei durou 7 anos, então deduzimos que o rei deve ter vivido um breve período de tempo (poucos meses) após ter assumido novamente o trono. É por isto que Ellen White declara com precisão no livro Profetas e Reis, página 521:

 

“Esta proclamação pública, em que Nabucodonosor reconhecia a misericórdia, bondade e autoridade de Deus, foi o último ato de sua vida registrado na história sacra.”

 

Achei muito interessante a lição ter mencionado (pág.43 Ed.Prof.) que existe uma prova arqueológica para a história do capítulo 4, pois foi encontrada uma inscrição antiga onde o próprio rei Nabucodonosor compara Babilônia a uma grande árvore abrigando as nações do mundo.

 

E quanto ao Vigia Celestial? A lição apresenta um texto de Ellen White publicado na Review and Herald em 01/02/1881, onde ela dá a entender que este Vigia que descia do céu, também chamado de Santo, era o mesmo ser que apareceu entre os três hebreus na fornalha ardente, ou seja Jesus.

 

Enquanto que no verso 13 temos Vigia no singular, no verso 17 temos Vigias no plural. Se o Vigia do verso 13 é Jesus, quem seriam os Vigias, também chamados de Santos no verso 17? Muito bem provavelmente o verso 17 esteja mencionando os anjos, pois Hebreus 1:14 referindo-se ao anjos fala:

 

“Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?”

 

É interessante observarmos a semelhança que existe entre Daniel 4:13 que descreve o Vigia descendo do céu com uma mensagem de juízo sobre o rei de Babilônia, e Apocalipse 18:1-2 que descreve um outro anjo descendo céu com uma mensagem que anuncia a queda de Babilônia:

 

“Depois destas coisas vi descer do céu outro anjo que tinha grande autoridade e a terra foi iluminada com o seu esplendor. Ele clamou com poderosa voz: Caiu, Caiu a grande Babilônia e se tornou a morada de demônios...”

 

O arrependimento do rei após sua queda poderia muito bem simbolizar todos aqueles que ouvirão o anúncio da queda de Babilônia Espiritual e se converterão ao Deus Eterno unindo-se ao Seu povo que guarda os mandamentos de Deus e tem a fé em Jesus.

 

 

Daniel e Ezequiel

 

Enquanto Daniel servia ao Deus eterno como seu representante em Babilônia, não muito longe dali, cerca de oitenta quilômetros a sudeste de Babilônia, vivia o profeta Ezequiel que veio com os exilados de Judá na segunda leva. Ezequiel tinha aproximadamente a mesma idade que Daniel, e no ano 587 a.C., ou seja dezenove anos antes de Nabucodonosor receber o sonho da árvore gigantesca, foi inspirado por Deus para escrever a escrever aquilo que está em Ezequiel capítulo 31 (leia este interessante capítulo e o compare com o sonho que o rei teve).

 

É muito provável que Daniel tenha lido os escritos de seu companheiro de exílio e tenha então compreendido muitíssimo bem toda a gravidade do sonho do rei. Ezequiel escrevera aquelas palavras em referência ao Faraó Egípcio, porém Daniel orientado por Deus viu que a interpretação do sonho reservaria ao rei Nabucodonosor um futuro não muito diferente ao de Faraó (não é para menos que sua reação foi de espanto e assombro – Dan.4:19). Deus também havia revelado a Ezequiel que o instrumento que Ele usaria ao aplicar Seus juízos sobre o Faraó do Egito seria o próprio rei Nabucodonosor de Babilônia (ver Ezequiel 29:19 e 30:10).

 

O Egito ainda era a pedra no sapato do rei de Babilônia. Foi justamente naqueles doze meses que antecederam a doença do rei, que Nabucodonosor finalmente conseguiu subverter as últimas resistências egípcias e então se estabelecer como o monarca absoluto sem mais ninguém a lhe ameaçar o poder.

 

Mas infelizmente, ao invés de reconhecer que foi o Deus Eterno que entregou o Faraó em suas mãos, bem como tudo mais, ele deixou-se levar pelo arrogante sentimento de que foi o seu poder e a sua sabedoria que havia conquistado tudo aquilo. No auge de sua prepotência e orgulho tornou-se tirano e opressor daqueles que Deus havia entregado em suas mãos, desprezando completamente as palavras de advertência e conselho do servo de Deus (Dan.4:17).

 

Será que se o rei tivesse aceitado o inspirado conselho de Daniel, a história seria diferente? A interpretação do sonho era uma profecia incondicional ou condicional? O profeta Jeremias, outro profeta contemporâneo a Daniel e Ezequiel, que desempenhou seu ministério na Palestina e mais tarde no Egito, responde a esta questão em Jeremias 18:7-8:

 

“No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para derrubar, e para destruir, se a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe.”

 

Uma outra pergunta: Foi Deus que fez com que o rei adoecesse? Acho que você até aqui já deve ter percebido o quanto o Senhor Deus amava e estava preocupado com a salvação eterna do rei Nabucodonosor. O Deus Eterno em Sua grande misericórdia estava a todo custo tentando impedir que o rei provocasse sua ruína definitiva. De acordo com Atos 17:28 que diz:

 

“Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.”

 

Sabemos que todos os aspectos básicos de nossa existência dependem daquele suporte vital que o Senhor Deus provê para cada ser vivente. Portanto, no caso do rei Nabucodonosor, tudo que Deus teve que fazer foi deixar de prover temporariamente alguma porção deste suporte vital que o rei insistia em ignorar a verdadeira fonte.

 

 

O espírito de Babilônia

 

Um ano depois do sonho, Nabucodonosor, contemplando do alto de seu palácio toda a glória de seu reino, encheu o peito e disse:

 

“Não é esta a grande Babilônia que EU edifiquei para a casa real (MINHA CASA), com o MEU grandioso poder e para a glória da MINHA majestade?” Dan.4:30

 

Era a “deixa” que o Santo Vigia precisava para que o decreto do Altíssimo entrasse em plena execução: o rei perdeu sua sanidade mental.

 

Nas palavras do rei Nabucodonosor encontramos a essência do espírito de babilônia: o próprio EU. Esta é a essência do próprio espírito do grande rebelde Lúcifer conforme lemos em Isaías 14:13-14:

 

“E tu dizias no teu coração: EU subirei ao céu, acima das estrelas de Deus (EU) exaltarei o meu trono, e no monte da congregação (EU) me assentarei, aos lados do norte. (EU) Subirei sobre as alturas das nuvens, e (EU) serei semelhante ao Altíssimo.”

 

Ezequiel 28:17 revela que o rei Nabucodonosor estava sendo movido pelo mesmo sentimento existente no coração de Lúcifer:

 

Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.”

 

O espírito de Babilônia é manifestado justamente na tentativa de trazer para si a glória que pertence única e exclusivamente a Deus. É por este motivo que a grande prostituta de Apocalipse é também identificada como “a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra” (Apoc.17:5). O “EU” sempre estará por trás de todo os falsos sistemas de religião. Veja por exemplo no caso de Caim. Qual sentimento que o motivava a desobedecer uma expressa ordem do Deus Eterno e tentar oferecer a oferta que o seu coração achava ser a mais adequada? Agora olhe para o espiritismo com seu conceito de reencarnação, ou para as filosofias da Nova Era com seus múltiplos sistemas de auto-ajuda e desenvolvimento mental e espiritual. O EU sempre estará sendo “endeusado” em todos estes falsos sistemas religiosos. Analise também a doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana com seu complexo sistema de salvação pelas obras e valorização da tradição humana acima da Palavra de Deus. Você encontrará ali embutido o mesmo princípio de idolatria ao próprio EU.

 

Não é por acaso que todos estes falsos sistemas religiosos já possuem sua queda prevista e anunciada pelo Deus Eterno:

 

“O orgulho precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.” Provérbios 16:18

 

A Bíblia informa que  igreja remanescente tem para estes últimos dias uma preciosa mensagem a proclamar chamada “Evangelho Eterno” que será uma espécie de antídoto contra o espírito de Babilônia. Estas Boas Novas consistem na última mensagem de misericórdia que este mundo preste a perecer ouvirá. A Justificação pela Fé nos méritos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo compõe a essência desta mensagem.

 

“O que é Justificação pela Fé? É a obra de lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo não pode fazer” Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 63

 

Irmão X

 


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