Reflexões Leigas sobre a Lição 1 da Escola Sabatina

Sábado 02/10/2004

 

Muito bom o tema da lição deste trimestre! Sem dúvida será muito mais proveitosa para a IASD atual que a lição deste último trimestre.

 

A pioneira Ellen White deixou registrado:

 

“Ao nos aproximarmos do fim da história deste mundo, as profecias registradas por Daniel demandam nossa especial atenção, visto relacionarem-se com o próprio tempo em que estamos vivendo. Com elas devem-se ligar os ensinos do último livro das Escrituras do Novo Testamento. Satanás tem levado muitos a crer que as porções proféticas dos escritos de Daniel e João, o revelador, não podem ser compreendidas. Mas a promessa é clara de que benção especial acompanhará o estudo dessas profecias.” Profetas e Reis, 547.

 

Se existe uma promessa de benção especial acompanhando o estudo destas profecias, e é exatamente isto que a IASD estará fazendo mundialmente, então tudo indica que nos próximos três meses muita coisa pode acontecer. Oremos por isso!

 

Achei muito interessante a proposta de analisar o livro de Daniel como a história de duas cidades: Jerusalém e Babilônia (ver lição de domingo dia 26/09/04). De um lado Jerusalém, a cidade pacífica, completa; de outro lado Babilônia, a cidade de confusão e arrogância. Duas cidades e dois tipos de caráter bem distintos. Uma é pura, santa, virgem; outra é prostituta, embriagante, abominável. Portanto, não deveria existir qualquer tipo de acordo entre estas duas cidades. Elas são irreconciliáveis!

 

Assim era o Movimento Adventista no tempo dos pioneiros: uma verdadeira Jerusalém espiritual que em nada tinha que ver com a cidade de Babilônia. Pelo contrário, os homens que faziam parte deste movimento eram corajosos e ousados soldados em frontal oposição à Babilônia espiritual. Pela Bíblia desnudavam seus erros e denunciavam os ingredientes de seu vinho fatal.

 

Eles diziam com convicção:

 

J.N.Andrews em artigo para The Advent Review, and Sabbath Herald de 06 de março de 1855

 

“A doutrina da Trindade foi estabelecida na igreja pelo concílio de Nicéia 325 AD. Essa doutrina destrói a personalidade de Deus e seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. A forma infame como foi imposta à igreja, aparece nas páginas da história eclesiástica, que causa aos que acreditam na doutrina corar de vergonha.”

 

Thiago White em artigo para The Advent Review, and Sabbath Herald de 11 de dezembro de 1855

 

“Mas, a fábula Pagã e Papal da natural imortalidade, fez do maior inimigo do homem, a morte, a porta para a felicidade eterna, e deixa a ressurreição como uma coisa de pequena significação. É a base do espiritualismo moderno.

Aqui nos devemos mencionar a Trindade que acaba com a personalidade de Deus, e de seu Filho Jesus Cristo, e o batismo por aspersão que em vez de sepultar em Cristo no batismo, em significado da sua morte. Mas nós saímos destas fábulas para encontrar outra, que é sagrada para quase todos os cristãos, católicos e protestantes. É a, (5.) a mudança do sábado do quarto mandamento, do sétimo para o primeiro dia da semana. O festival pagão do domingo ...”

 

Thiago White em artigo para Advent Review, and Sabbath Herald de 07 de fevereiro de 1856

 

“A grande falta da Reforma foi que os reformadores pararam de reformar. Se tivessem  levado avante, não teriam deixado nenhum vestígio do papado atrás, tal como a natural imortalidade, batismo por aspersão, a Trindade, a guarda do domingo, e a igreja agora estaria livre de erros escriturísticos.”

 

D.W. Hull em artigo para Advent Review, and Sabbath Herald de 10 de novembro de 1859

 

“A inconsistente posição mantida em relação à Trindade, sem dúvida é a causa de muitos outros erros. Errôneos pontos de vista da divindade de Cristo, levam a erros quanto à expiação. Vendo a expiação num quadro arbitrário, (e todos devem acreditar assim, os que acreditam que Jesus é Deus eterno) levam a conclusões arbitrárias a uma ou duas classes de pessoas: Os que crêem na predestinação e universalismo, (e correlatos).

A doutrina que propomos examinar foi estabelecida pelo concílio de Nicéia, 325 AD. e desde esse período, as pessoas que não acreditam nela são denunciadas pelos sacerdotes e papas como perigosos heréticos. Isso para tornar anátema os chamados arianos. (os que acreditavam na doutrina de Ário) AD 513.

Nós não conseguidos seguir essa doutrina, que teve origem no “Homem do Pecado” e nós encontramos esse dogma estabelecido através da força, ao contrário do direito de investigar nas Escrituras esse assunto.

Aqui encontramos uma pergunta que é freqüentemente feita: Você acredita na divindade de Cristo? Inquestionavelmente, a maioria de nós acredita. Mas nós não acreditamos como a igreja M. E. que ensina, que Cristo é verdadeiramente o Deus eterno, e ao mesmo tempo homem; ...”

 

J.N. Lougborough em artigo para Advent Review, and Sabbath Herald de 05 de novembro de 1861

 

“Esta doutrina da Trindade foi trazida para a igreja no mesmo tempo em que a adoração de imagens, e a guarda do domingo e não é mais do que a doutrina dos persas remodelada”

 

R.F. Cottrell em artigo para Advent Review, and Sabbath Herald de 06 de julho de 1869

 

“Sustentar a doutrina da Trindade, não é mais que uma evidência da intoxicação pelo vinho que todas as nações beberam. O fato dessa ser uma das principais doutrinas, senão a principal, pela qual o bispo de Roma foi exaltado ao papado, não recomenda muito em seu favor. Isto deveria fazer alguém investigar por si mesmo, como quando os demônios fazem milagres para provar a imortalidade da alma. Se eu nunca duvidei antes, agora eu tenho que ir até o fundo para provar ...”

 

Que diferença do que vemos na IASD atualmente!

 

Os atuais líderes da IASD querem nos convencer que nossos pioneiros estavam redondamente enganados, que Ellen White sempre foi trinitariana, que a Bíblia sempre ensinou a doutrina de um Deus triúno, que o Pai não é pai, que o Filho não é filho, e que o Espírito Santo é um terceiro ser divino igualmente digno de ser adorado assim como adoramos o Pai e o Filho.

 

E não para por aí! Os atuais doutores e professores da IASD escrevem inverdades como esta:

 

“...as crenças fundamentais dos adventistas do sétimo dia foram descritas pela primeira vez, em 1930...” Roy Naden, Professor emérito de Educação religiosa da Universidade Andrews em um artigo publicado na revista Ministério na edição 3 – Maio/Junho de 2000.

 

Sendo que já foi provado de forma documental que no ano de 1872, Urias Smith publicou um folheto com um resumo das principais doutrinas adventistas, e este foi por sua vez publicado na revista Sign of the Times nº1 vol.1 de 04 de junho de 1874, e também publicado no primeiro Year Book no ano de 1889, e finalmente aprovada oficialmente em 1894 em Battle Creek numa das mais representativas assembléias, sendo posteriormente repetida em todos os Year Books publicados até o ano de 1914. Como então este professor da Andrews pode afirmar tamanha bobagem? Será que ele não pesquisou direito ou será que intencionalmente escondeu a verdade? Mas por que faria isto? Se o seu erro foi intencional, é bem provável que foi feito com a intenção de que os adventistas de hoje aceitassem esta declaração de fé como a primeira e a mais original, sendo que na verdade foi a primeira declaração descrita num Year Book (publicado em 1931) com a inclusão da crença numa Trindade. Aliás, permita-me perguntar de passagem: Esconder a verdade e publicar a mentira é uma característica de Jerusalém ou de Babilônia?

 

Chegam ao cúmulo de pressionar e perseguir seus membros pelo simples fato de quererem estudar um pouco melhor esta questão, bem como excluem a todos que ousam se levantar e questioná-los. Aliás, permita-me uma outra pergunta de passagem: Espírito de perseguição é uma característica de Jerusalém ou de Babilônia?

 

Entendam bem! Não estou dizendo que a atual IASD é Babilônia. Não! Babilônia na Bíblia já foi identificada como aquela igreja cristã que se apostatou das verdades bíblicas e uniu-se ao poder temporal por volta do ano 300, tornando-se no que conhecemos hoje como Igreja Católica Apostólica Romana. Mas a IASD não precisa ser Babilônia para pensar e agir como ela, basta tornar-se uma das suas muitas filhas adotando a crença na Trindade.

 

Bem, mas voltemos ao assunto da lição. Qual era mesmo? Ah sim! Daniel capítulo 1.

 

A lição de segunda-feira fala de inocentes e culpados. Na busca de razões que justifiquem a tragédia que foi ver o povo de Deus sendo vencido, seqüestrado e humilhado por uma nação ímpia, pagã e idólatra, foram apresentados 4 textos bíblicos muito esclarecedores:

 

II Reis 21:10-16 – Manipulação corrupta e criminosa.

II Reis 24:18-20 – Líderes corruptos e gananciosos.

II Crônicas 36:15-17 – Rejeição da Palavra de Deus enviada mediante seus servos.

Jeremias 3:13 – Recusa contínua em arrependerem-se reconhecendo o erro que o Senhor lhes indicava de maneira insistente.

 

Estas práticas não deveriam existir em Jerusalém! Elas são características de Babilônia! É justamente aí está a razão de toda tragédia: Jerusalém já havia primeiro tornado-se cativa de Babilônia em termos de princípios e práticas, de forma que a invasão física de Babilônia que resultou no cativeiro, apenas tornou evidente o que já havia acontecido em termos morais e espirituais.

 

Por que será que não conseguimos aprender das lições tão simples e objetivas deixadas na Palavra de Deus para nossa advertência?

 

Na seqüência a lição faz uma pergunta: “os líderes se rebelaram e não obedeceram, tudo bem. Mas por que os inocentes teriam que ser castigados, também?” (pág.7).

 

Sinceramente não gostei muito da explicação da lição. Achei ela demasiadamente conformista! Na minha opinião o povo foi de certa forma conivente com os pecados e as injustiças de seus líderes, bem como foram acomodados e covardes em denunciar toda a podridão.

 

Na seqüência (terça-feira em diante) a lição trata do ponto central de toda a história descrita no capítulo 1 de Daniel: a fidelidade, coragem e firmeza de propósitos de Daniel e seus companheiros. Como gostamos desta parte! Contamos de maneira enfática e repetitiva para nossos pequeninos como Daniel e seus companheiros foram fiéis a Deus mesmo diante de uma situação tão crítica e delicada. Eles foram fiéis no mínimo e Deus os colocou sobre o muito. Que incentivo poderoso! Usando este memorável episódio, pregamos de boca cheia de nossos púlpitos a íntima relação que existe entre a saúde e a santificação. Que maravilha!

 

Maravilha?!? Espere um pouco...quando foi mesmo que nossa igreja recebeu a Mensagem da Reforma de Saúde? Esta mensagem foi aceita? Aceitamos hoje esta mensagem? Sim, claro que sim – alguém pode responder – vejam os inúmeros livros que publicamos sobre saúde e temperança; vejam os cursos e palestras que promovemos! Livros? Cursos? Palestras? Elas indicam verdadeiramente a nossa prática de vida como IASD mundial? Ou será que existe um descompasso cada vez maior entre aquilo que ensinamos com aquilo que verdadeiramente praticamos?

 

Reproduzo a seguir parte daquilo que foi escrito num artigo publicado no adventistas.com intitulado: “O Papel Profético de Leroy E.Froom, o Balaão do Século XX” de autoria de Jairo Carvalho:

 

Reforma de Saúde

 

Após conduzir o povo de Israel para o deserto, Cristo lhes conduziu a um regime alimentar mais adequado, de modo que Seu povo fosse habilitado a apreciar os alimentos feitos por Ele para os homens - os frutos da terra. Semelhantemente, em 1863, Cristo deu à Sua serva Ellen G. White testemunhos com instruções sobre o regime alimentar, de maneira que Seu povo operasse uma Reforma de Saúde e fosse por ela habilitado a apreciar os alimentos existentes na Nova Terra:

 

“Quando Deus tirou os filhos de Israel do Egito, era Seu desígnio estabelecê-los na terra de Canaã, povo puro, contente e são.

Vejamos os meios pelos quais Ele efetuaria isto. Submeteu-os a um curso de disciplina, que, caso houvesse sido seguido de boa vontade, haveria resultado em bem, tanto para eles próprios, como para sua posteridade. Ele tirou deles em grande medida o alimento cárneo. Havia-lhes concedido carne em resposta a seus clamores, justo antes de chegarem ao Sinai, mas isso foi apenas por um dia. Deus poderia haver provido carne tão facilmente como o maná, mas foi feita ao povo uma restrição para seu bem. Era Seu desígnio prover-lhes alimento mais apropriado a suas necessidades do que o regime estimulante a que muitos deles se haviam acostumado no Egito. O apetite pervertido devia ser levado a uma condição mais sadia, para que eles pudessem fruir o alimento originalmente providenciado para o homem - os frutos da terra, que Deus dera a Adão e Eva no Éden....”

 

Figura Para Nós

 

"Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram." "Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado." I Cor. 10:6 e 11.

 

“A igreja de Battle Creek em geral não tem apoiado o Instituto com seu exemplo. Não têm honrado a luz da reforma de saúde seguindo-a em sua família. A doença que tem visitado muitas famílias em Battle Creek não necessitava sobrevir, houvessem eles seguido a luz que Deus lhes  dera. Como o antigo Israel, eles não deram atenção à luz, e não podiam ver mais necessidade de restringir o apetite do que o fez aquele povo. Os filhos de Israel queriam carne, e disseram, como dizem muitos hoje em dia: Sem carne, morreremos. Deus deu carne ao rebelde Israel, mas com ela estava Sua maldição. Milhares deles morreram enquanto a carne que haviam desejado estava entre seus dentes. Temos o exemplo do antigo Israel, e a advertência de não fazermos como eles fizeram. Sua história de incredulidade e rebelião está registrada como especial advertência para que não sigamos o exemplo deles em murmurar das reivindicações de Deus. Como podemos prosseguir em nossa direção assim indiferentemente, escolhendo nossa própria orientação, seguindo a luz de nossos próprios olhos, e afastando-nos mais e mais de Deus, como os hebreus outrora? Deus não pode fazer grandes coisas por Seu povo devido a sua dureza de coração e pecaminosa incredulidade.” Conselhos sobre o Regime Alimentar, págs. 378, 379

 

“A fim de saber quais são os melhores alimentos, cumpre-nos estudar o plano original de Deus para o regime do homem. Aquele que criou o homem e lhe compreende as necessidades designou a Adão o que devia comer: "Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente... e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento." Gên. 1:29. Ao deixar o Éden para ganhar a subsistência lavrando a terra sob a maldição do pecado, o homem recebeu também permissão para comer a "erva do campo". Gên. 3:18.

Cereais, frutas, nozes e verduras constituem o regime dietético escolhido por nosso Criador. Esses alimentos, preparados da maneira mais simples e natural possível, são os mais saudáveis e nutritivos. Proporcionam uma força, uma resistência e vigor intelectual que não são promovidos por uma alimentação mais complexa e estimulante."  Conselhos Sobre o Regime Alimentar, págs. 295 e 296.

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1863! Este foi o ano da Mensagem de Reforma de Saúde cuja base era uma alimentação vegetariana, ou no pior das hipóteses, ovo-lacto-vegetarina. A IASD tem sido fiel aos princípios destas verdades assim como foram Daniel e seus companheiros?

 

Já ouve um tempo em que fomos conhecidos como o povo da Bíblia, e até hoje existem muitos que se contentam em viver das glórias do passado, como se fosse a realidade do presente. E conhecidos como um povo vegetariano por princípios, será que houve algum momento em nossa história como povo que isto aconteceu?

 

Isto me faz lembrar uma pregação que ouvi num culto de quarta-feira de um irmão simples que pregou com convicção que todo verdadeiro adventista deveria ser vegetariano. Coitado! Quase foi linchado em praça pública. As pessoas saíram revoltadas e indignadas com seu sermão: “Onde já se viu pregar isto de púlpito! Se ele quiser ser vegetariano, que seja ele e sua família, mas que não venha me dizer o que devo fazer! Isto não é ponto de salvação!” E por aí foram as críticas e comentários.

 

Mas tudo bem! Neste próximo sábado iremos todos exaltar a fidelidade e temperança de Daniel e seus companheiros, vamos quem sabe até cantar aquele hino que fala que devemos ser fiéis como Daniel, e depois voltaremos para nossos lares para apreciar um belo strogonof ou quem sabe uma suculenta carne de panela recheada...e assim teremos mais um sábado tipicamente adventista.

 

Irmão X

 


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