Lição da Escola Sabatina - 2º Trimestre de 2006

 

O Espírito Santo

 

 

Lição 1 – Personalidade e divindade do Espírito Santo

 

 

Segunda e Terça, 27 e 28/03/2006 - DEUS ESPÍRITO SANTO

 

O autor da lição acerta em dizer que aceitamos com facilidade que o Pai Celestial é Deus e de que Seu Filho unigênito é um Ser completamente divino, porém temos grandes dificuldades de aceitar o Espírito Santo como um Deus pessoal.

 

E é muito simples entender a razão disto: Aceitamos com facilidade os dois primeiros conceitos porque são apresentados pela Bíblia de maneira clara, explícita e irrefutável; Não aceitamos o último porque, além de não o encontrarmos na Bíblia, nos deparamos com orientações que dizem justamente o contrário. Alguns pensam que a dificuldade de aceitação vem do fato de não entendemos como um só Deus são três. Errado! Se a Bíblia ensinasse de forma inequívoca o conceito da Trindade, da mesma forma que ensina o conceito da santidade do sábado ou da mortalidade da alma, sem dúvida iríamos crer mesmo sem conseguir entender ou explicar.

 

Este é o propósito da lição de hoje: Conseguir provar pela Bíblia que o Espírito Santo é um Ser divino tal qual o Pai e o Filho (Caso isto seja provado, fica também provado que a Trindade é uma verdade bíblica). Então vamos lá.

 

A lição apresenta 8 textos:

 

Gên. 1:2 – “O espírito de Deus se movia (pairava) sobre as águas

Este é o único verso do Antigo Testamento que aparece na listagem, e nele nada há de conclusivo. Alguns podem entender que o Deus Espírito Santo passeava por sobre as águas de um planeta sem forma e vazio, e outros podem entender que este é um termo bíblico para indicar a direta ação do próprio Deus sobre este planeta. Quem está com a razão? Bem, vamos precisar de mais textos para chegar a uma conclusão!

 

Mat. 1:20 – “O que nela foi gerado procede do espírito santo

Uns entendem como o Deus Espírito Santo realizando o milagre da encarnação do Filho de Deus, e outros como a maneira bíblica de indicar um ato sobrenatural do próprio Deus. Antes de você sair pensando que é uma questão de preferência, vale lembrar que deve ser avaliado como foi que um judeu chamado José entendeu estas palavras do anjo, e como foi que o evangelista que as relatou também as compreendeu. Se você fosse um judeu daquela época qual seria seu entendimento: um terceiro ser divino ou um ato sobrenatural do próprio Deus Todo-Poderoso e Eterno?

 

Mat. 28:19 – “Batizando-os em nome do Pai e do Filho e do espírito santo

Este texto, que serve de base para os trinitarianos, possui sérios questionamentos levantados pela Crítica Textual (ciência que compara as diversas versões bíblicas com os vários manuscritos que existem, tentando chegar o mais próximo possível daquilo que era o original). Neste texto, existem dúvidas quanto a fórmula trinitariana de batismo ser ou não uma inserção posterior. Como este assunto é delicado, merece um espaço maior para ser avaliado. Como não pretendemos tornar este comentário muito extenso, segue três links que devem ser acessados caso queira maiores detalhes:

http://www.adventistas.com/fevereiro2004/mateus2819.htm

http://www.adventistas.com/fevereiro2004/ennis_mateus2819.htm

http://www.adventistas.com/trindade/judeus/resposta_batismo.htm

“Após considerar todas estas evidências, fica difícil admitir que o texto em questão tenha sido original. Mas mesmo que estivéssemos enganados e o texto fosse original, isso não significaria que Mat. 28:19 representa uma prova da existência da Trindade ou uma prova de que o Espírito Santo é um ser pessoal como o Pai e como o Filho. Costumo usar o exemplo do ladrão que é preso ‘em nome do governador, em nome do Estado e em nome da lei’. Nem todas as entidades em nome das quais o ladrão é preso são pessoas. E também não é pelo fato destes elementos aparecerem unidos na frase que podemos interpretar que os três são um.” (Extraído de http://www.adventistas.com/maio2005/mateus2819_nicotra.htm de autoria de Ricardo Nicotra).

 

João 14:16 – “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador

Os trinitarianos usam este verso para demonstrar a trindade: Eu (Jesus), o Pai, e o Consolador (Espírito Santo). Mas será que esta é a única explicação possível? Analisemos mais de perto todo o contexto: No verso seguinte (v.17) Jesus explica que este Consolador é o Espírito da Verdade. Percebam que foi neste mesmo discurso (14:6) que Jesus já havia lhes dito que Ele é a verdade. No fim do verso 16 Jesus explica aos discípulos que enviaria o Consolador para que estivesse com eles para sempre, e na seqüência (v.18) ele afirma categoricamente: “Não vos deixarei órfãos; virei para vós”. E mais, a palavra “Consolador” no grego é “Parakletos”, a mesma palavra traduzida em I João 2:1 como “advogado”: “Meus filhinhos, estas coisas escrevo para que não pequeis. Se, porém, alguém pecar, temos um advogado (parakletos, consolador) para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. Mais claro e direto que isso, impossível: Jesus é o parakleto (consolador, advogado). Mas alguém pode retrucar: Como pode Jesus dizer que vai enviar a si mesmo? Quem está familiarizado com a maneira de Jesus se referir a si mesmo como o “Filho do homem”, não irá achar estranha possibilidade de estar falando de si mesmo como o “Consolador”. A própria lição explica que a palavra “outro” no grego é “allos” que significa “outro do mesmo tipo”, e onde eles querem ver uma evidência para um terceiro ser divino, outros podem ver a evidência de que não era outro diferente dele (grego “heteros”), mas outro igual a Ele mesmo. E por que era necessário que fizesse isto? Enquanto Jesus esteve na terra, estava sujeito a limitações humanas. Ele só poderia estar em um lugar de cada vez. Quando ascendeu ao Pai, essas limitações foram deixadas para trás. Em espírito, como o Parakleto (Consolador, Advogado) poderia estar com seus discípulos em todo lugar. Resumindo: Mais um verso que nada prova em definitivo quanto a Trindade, mas que se analisado cuidadosamente, tem muito a nos ensinar sobre Jesus, nosso verdadeiro Consolador.

 

Atos 5:3-4 – “mentir ao Espírito Santo” = “mentir a Deus

A simplicidade desta analogia é surpreendente: espírito santo = Deus. Não tem como discutir! Mas onde está escrito que o espírito santo é a terceira pessoa da trindade? Concluir deste verso que a ação sobrenatural do espírito de Deus equivale a ação direta do próprio Deus eterno é uma coisa; agora, querer concluir que o espírito santo é a terceira pessoa da trindade, é no mínimo ir muito além daquilo que está revelado nestes versos. Mas, os trinitarianos contra-atacam dizendo que estes versos ensinam que o espírito santo só pode ser um ser pessoal, pois não se pode mentir para uma força ou influência. Veja bem, se eu entendo que a ação do Espírito de Deus equivale a ação direta do próprio Deus eterno, então qualquer ofensa, mentira ou resistência a esta ação do Espírito de Deus será inevitavelmente considerada como uma ofensa, mentira ou resistência ao próprio Deus eterno.

 

Rom. 8:11 – “o espírito daquele que dentro os mortos ressuscitou a Jesus

Para início de conversa o verso não fala que foi o Espírito Santo, a terceira pessoa da trindade, que ressuscitou a Jesus. Ele simplesmente faz menção ao “espírito DAQUELE que dentro os mortos ressuscitou a Jesus”. Quem a Bíblia ensina que ressuscitou a Jesus? Rom. 6:4Cristo ressurgiu dentre os mortos pela glória do Pai”; I Cor. 6:14Ora, Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos ressuscitará pelo seu poder”. Aqui temos uma poderosa evidência de que o espírito DAQUELE que ressuscitou a Jesus é o próprio DEUS, pois foi ele que pelo seu poder e glória O ressuscitou.

 

I Cor. 2:10-11 – Comparando o “espírito de Deus” com o “espírito do homem

Mas Deus no-las revelou pelo Seu espírito. O espírito penetra todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus. Pois qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o espírito de Deus.

Os atuais teólogos adventistas falam que o “espírito de Deus” neste verso refere-se à Terceira Pessoa de uma Trindade constituída por Deus o Pai, Deus o Filho e Deus Espírito Santo. Mas o verso esta comparando o “espírito do homem” com o “espírito de Deus” dizendo assim como é um assim também é o outro; assim como o espírito do homem é o único que conhece as coisas do próprio homem, assim também somente o espírito de Deus conhece as coisas do próprio Deus. Nossos doutores teólogos não se atrevem a ensinar que este “espírito do homem” é um outro ser além do próprio homem (isto seria ensinar o espiritismo!), mas no mesmo verso quer que entendamos que o “espírito de Deus” é um outro Deus chamado Deus Espírito Santo além do próprio Deus o Pai. Isto é uma grotesca incoerência! Se entendemos que, por tudo aquilo que a Bíblia ensina sobre a palavra “espírito”, a expressão “espírito do homem” refere-se à essência do próprio homem, e na verdade é ele mesmo e não um outro diferente dele, então temos que ser sinceros intelectualmente para admitir que a expressão “espírito de Deus” refere-se à essência do próprio Deus, e na verdade é Ele mesmo e não outro diferente dEle.

 

II Cor. 3:17 – “O Senhor é o espírito

Sinceramente não entendo como alguém pode relacionar um verso como este na tentativa de provar que o espírito santo é uma pessoa divina em uma Trindade juntamente com o Pai e o Filho. Quem é o Senhor que neste verso é identificado como o espírito? Deus, o Pai, ou Seu Filho unigênito, o Senhor Jesus? A resposta está no verso 16: “Quando um deles se converte ao Senhor então o véu é-lhe retirado”. Paulo está falando dos judeus que liam Moisés, mas não conseguiam discernir a Jesus Cristo nas Escrituras. Os judeus não precisam ser convertidos a ver o Deus eterno (YHWH) nas Escrituras, pois isto lhes era mais que evidente. Eles estavam precisando discernir nestas Escrituras a Jesus como o Messias prometido, ou seja, precisavam se converter a Jesus aceitando-o como o Messias Salvador. Conclusão: O Senhor Jesus Cristo é o espírito.

 

A esta altura alguns podem se sentir confusos: Afinal quem é o espírito santo? O espírito é o Pai ou o espírito é o Filho?

 

A explicação que se segue é de Ricardo Nicotra: “Quando Cristo afirma que Ele e o Pai são um, refere-se a uma unidade espiritual - ambos são um em espírito, ou seja, ambos têm o mesmo espírito - o Espírito Santo. E é pelo fato de terem o mesmo espírito que são um. Trata-se de uma unidade à qual nós também podemos pertencer (veja João 17:21). O Espírito Santo não é apenas o pneuma de Cristo que Ele soprou sobre os discípulos. O Espírito Santo é, para nós, o próprio Espírito de Deus, o Pai.”

 

Alguns trinitarianos afoitos para pegar seus oponentes em contradição exigem uma definição categórica: O espírito santo é Deus o Pai! Ou, o espírito santo é Jesus, o Filho de Deus! Qualquer escolha por qualquer uma das definições se mostrará limitada e imprecisa. Na verdade como o Pai e o Filho comungam de um mesmo espírito, e a Bíblia ora relaciona o espírito a um, ora a outro.

 

Existe ainda um outro verso que foi mencionado na lição de terça: I Cor. 12:4-11 e 28. Lá encontramos o intercâmbio entre as palavras:

Espírito = Senhor = Deus

Por tudo aquilo que já foi dito até aqui, creio que seria tornar-se repetitivo explicar o porque a Bíblia usa estas palavras de forma intercambiável.

 

A lição relacionou nestes dois dias, várias referências bíblicas na tentativa de provar que o Espírito Santo é o Deus Espírito Santo, mas nenhuma delas conseguiu provar nada! Em muitos casos, o que se conseguiu foi justamente provar o contrário. E alguns ainda insistem em afirmar que a Bíblia ensina claramente o conceito de um Deus triúno.

 

O “Auxiliar e Comentários Adicionais” referente há estes dias acrescenta:

 

Do ponto de vista prático, a doutrina da personalidade do Espírito Santo é ... da mais elevada importância. Se pensarmos no Espírito Santo só como um poder ou influência impessoal, nosso pensamento constantemente será como nos apoderar do Espírito Santo e usá-Lo; mas se pensarmos nEle de forma bíblica, como pessoa divina, infinitamente sábia, infinitamente santa, infinitamente terna, nosso pensamento freqüente será: ‘Como o Espírito Santo pode tomar conta de mim e me usar?’” - Alonzo J. Wearner, Fundamentais of Bible Doctrine, pág. 39 (pág. 11 da lição).

 

Argumento furado! Todos pentecostais acreditam que o Espírito Santo é um ser pessoal, a terceira pessoa da Trindade, mas isto não os impede de constantemente querer se apoderar dele e usá-lo como se fosse um simples poder ou influência impessoal.

 

A questão não é se uma determinada definição de Espírito Santo pode levar a conclusões equivocadas, e sim se ela é bíblica ou não. Pois, caso seja bíblica (o Espírito Santo não é um Deus pessoal) e mesmo assim levar a conclusões equivocadas, o problema não está no ensinamento bíblico, mas sim nas próprias deduções erradas.

 

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