Comentário da lição da Escola Sabatina
do 3º Trimestre de 2006
O EVANGELHO, E O JUÍZO
LIÇÃO 14 – O Significado do Juízo Hoje
Pontos Bíblicos importantes sobre o Juízo
Pré-Advento:
1-
Acontece no céu,
junto ao trono do Deus Eterno (o Ancião de Dias), local onde o grande conflito
cósmico entre Cristo e Satanás originou-se (Dan. 7:9 e 10).
2-
Este juízo leva
ao reconhecimento da legitimidade do Filho de Deus em receber o domínio, a
honra e o reino eterno, sendo assim plenamente digno de ser adorado (Dan. 7:13
e 14).
3-
Este juízo é
feito também em favor dos santos do Altíssimo, que finalmente possuirão o reino
(Dan. 7:22 e 27).
4-
Este juízo leva à
destruição final e definitiva das forças do mal, simbolizadas pelo chifre
pequeno que se levantou em oposição a Deus e aos seus servos (Dan. 7:26).
5-
Assim como no dia
da Purificação do Santuário (dia da Expiação ou dia do Perdão), este dia de
juízo será o momento onde todos aqueles que confiaram na provisão oferecida
serão definitivamente absolvidos, e o verdadeiro culpado por todos os pecados
juntamente com todos aqueles que obstinadamente rejeitaram a reconciliação
serão punidos (Dan. 8:14, Lev. 16 e Heb. 9:22 e 24).
Ao
concluirmos o estudo de Daniel neste trimestre, percebemos que o autor da lição
não fez muita questão de:
1-
Dogmatizar em
torno da data de 22 de outubro de 1844;
2-
Destacar que
nesta data Cristo passou do lugar Santo para o Santíssimo do Santuário
Celestial;
3-
Detalhar os
procedimentos durante o juízo, tais como livros com pecados anotados e tendo ao
lado o registro do perdão, para então só no momento do julgamento ser
definitivamente apagado;
4-
Mencionar que
este julgamento começa por todos aqueles que morreram em Cristo, podendo a
qualquer momento passar para aqueles estão vivos;
5-
Apelar aos
cristãos que estejam constantemente alertas, pois não saberão o momento em que
terão o seu nome sendo julgado e consequentemente seu destino sendo selado.
Até
poucos anos atrás, cada vez que o tema do juízo pré-advento era abordado pela
grande maioria dos teólogos Adventistas do Sétimo Dia, os pontos acima eram
sempre mencionados como uma importante parte do estudo, e muitas vezes, até com
bastante destaque e detalhes. Hoje, porém, o assunto passa a ser abordado de
uma forma muito menos dogmática quanto a estes “detalhes” muito questionados
por outras denominações religiosas, por estarem apoiados mais sobre inferências
(deduções) do que sobre um claro e explícito “assim diz o Senhor”. O próprio
termo utilizado para identificar este julgamento, que antes era identificado
como “Juízo Investigativo”, foi substituído por um outro muito mais adequado e
menos comprometedor em termos teológicos, “Juízo Pré-Advento”.
Considero
isto como uma forma de amadurecimento do pensamento teológico adventista, que
passa a se preocupar muito mais com as questões básicas que estão solidamente
alicerçadas na Bíblia de forma irrefutável, e menos com algumas questões
periféricas que tendem mais a criar polêmicas do que efetivamente fortalecer os
alicerces desta importante doutrina característica da Igreja Adventista do
Sétimo Dia.
Para
alguns entenderem um pouco melhor o que estou tentando dizer, faço as seguintes
perguntas para reflexão:
1-
Que diferença faz
para o cerne da doutrina sobre o juízo pré-advento e para a compreensão das
profecias de Daniel, se a data não for 22 de outubro de 1844, mas for 21 ou 23?
Compreendo que alguns possam até querer se aprofundar ainda mais em alguns
detalhes, e até tenham desenvolvido interessantes estudos para provar a
precisão desta data (o melhor e mais sério estudo que já encontrei sobre isto
esta no site Concerto Eterno), porém não considero esta uma questão tão
fundamental ao ponto de comprometer a estrutura principal desta doutrina.
2-
Qual a vantagem
em querer afirmar categoricamente que no fim das 2.300 tardes e manhãs, Cristo
passou fisicamente do lugar Santo para o Santíssimo do Santuário Celestial?
Será que usando somente a Bíblia podemos afirmar com tanta certeza que no céu
existem dois espaços físicos delimitados, e que somente numa determinada data
Cristo passou de uma sala para outra? Tais detalhes tem mais criado antagonismo
e rejeição por parte dos demais cristãos, do que ajudado na sua compreensão e
aceitação. O fato de que existe uma realidade celestial e espiritual da qual o
Santuário terrestre com seus serviços era apenas um modelo, deveria nos tornar
mais humildes em procurar aprender a essência de suas grandes lições, sem
querer definir arrogantemente muitos dos detalhes não revelados. O ponto
principal nesta questão deveria ser que no final das 2.300 tardes e manhãs
iniciou-se no céu um solene e importante período de julgamento que antecederá a
volta de Cristo e a conseqüente consumação dos reinos deste mundo.
3-
Por que seria
importante detalhar os procedimentos utilizados pelo Deus eterno e Seu Filho
neste julgamento quanto aos registros nos arquivos celestiais? É tão
imprescindível conhecer com absoluta certeza e precisão se os pecados quando confessados
são perdoados e lançados nas profundezas do mar (apagados e esquecidos) naquele
exato momento, ou se continuam registrados com a anotação de já foram perdoados
para então só num determinado momento serem definitivamente apagados? Não é
muito mais importante ter a certeza de que, independentemente do momento exato
em que são definitivamente apagados, a promessa é de pleno perdão e aceitação
para todo aquele que se achega a Deus por meio de Cristo? Ao invés de nos
preocuparmos de querer saber como Deus trabalhará no juízo, não é muito mais
importante termos a certeza de que Ele sempre procederá com infinita justiça,
graça e misericórdia?
4-
A compreensão das
profecias de Daniel quanto à realidade de um juízo pré-advento depende de se
conhecer quem é julgado primeiro e que o será por último?
5-
Não seria uma
forma de terrorismo teológico ou chantagem emocional dizer: “Olha, tome cuidado
quanto à maneira como está vivendo hoje, não fique adiando sua decisão de mudar
de vida, pois se neste exato momento seu nome pode estar sendo passado diante
de Deus no juízo celestial, e você será achado em falta estando assim perdido
para sempre!”. Ou então: “Como não sabemos em que momento nosso nome estará
sendo lido no céu, devemos estar vivendo a cada segundo em arrependimento e
comunhão diante de Deus”. Pior do que tentar aproximar as pessoas do Salvador
com vistas na recompensa, é tentar faze-lo com base no medo do castigo. A
motivação que está por traz deste tipo de argumentação é o interesse pessoal (o
próprio eu), e não a entrega pelo amor desinteressado gerado pela graça.
Muito tempo?
Quero
concluir este comentário, abordando um pouco a questão do tempo.
Independentemente de quando iniciou o julgamento pré-advento, se foi em 1843,
1844, 1845, ou mesmo uma outra data dentro do século 19, o fato é que alguns
questionam quanto ao grande período de tempo entre o seu início e o ano em que
estamos vivendo. Eles perguntam: “Por que Deus precisa de tanto tempo assim
para realizar um julgamento?”.
Em
primeiro lugar precisamos nos lembrar que esta questão do tempo é muito
relativa. A demora está sendo avaliada em relação a que? Se compararmos com o
tempo de nossa existência pessoal (cerca de 100 anos) talvez seja um tempo
muito longo, mas quem disse que a referência de comparação é a duração de
nossas passageiras vidas. Deus está agindo dentro dos termos cósmicos do grande
conflito entre o bem e o mal, bem como dentro do contexto global da história
deste mundo.
Como
desconhecemos o momento em que a rebelião se iniciou no céu, vamos considerar
esta questão de tempo apenas com base na provável duração da história deste
mundo. Para tanto, vamos, apenas com finalidade didática, definirmos a data
para o início deste julgamento como sendo 1844. Veja então onde se encontra o
início do juízo pré-advento dentro da cronologia da história deste mundo:
Evento |
Data
aproximada* |
Tempo
desde o evento anterior |
Criação |
|
|
Dilúvio |
|
1656 anos |
Êxodo |
|
857 anos |
Nascimento
de Cristo |
|
1458 anos |
Início
do Julgamento Pré-Advento |
1844 |
1847 anos |
Hoje |
2006 |
162 anos |
*
Baseado na cronologia de Edward Reese e Frank Klassen.
Verificamos
que em termos da cronologia total da história deste mundo (aproximadamente 5980
anos), a duração até agora deste julgamento equivale apenas a 2,71% do tempo
total. Para termos uma noção como este tempo é proporcionalmente curto vamos
resumir a história do mundo em períodos de um ano, um mês, uma semana e um dia
para visualizarmos comparativamente o momento de cada evento:
Evento |
Data |
1
ano |
1
mês |
1
semana |
1
dia |
Criação |
|
1 janeiro |
Dia 1 |
Domingo |
0 hora |
Dilúvio |
|
11 abril |
Dia 9 |
Fim da seg. |
6:39 h. |
Êxodo |
|
2 junho |
Dia 13 |
Fim da ter. |
10:05 h. |
Cristo |
|
31 agosto |
Dia 20 |
Meio da qui. |
15:56 h. |
Julgamento |
1844 |
22 dezembro |
Dia 30 |
Fim do sáb. |
23:21 h. |
Hoje |
2006 |
31 dez |
Dia 30 |
Sábado |
24:00 h. |
Como
podemos ver, se a história do mundo fosse resumida em:
Um ano, o juízo
teria iniciado apenas há 9 dias;
Um mês, o juízo
teria iniciado apenas a menos de um dia;
Uma semana, o
juízo teria iniciado apenas há poucas horas (4 horas e meia);
Um dia, o juízo
teria iniciado apenas há alguns minutos (39 minutos).
Será
que realmente o juízo pré-advento começou há muito tempo atrás e está demorando
muito, ou são nossas referências que estão equivocadas?
Espero
que ninguém caia na besteira de utilizar os cálculos acima para começar a
conjeturar em torno da “teoria do 7º milênio”, imaginando faltar apenas 20 anos
para o fim do 6º milênio e início do 7º, e começar a querer marcar a volta de
Jesus para o ano de 2026. Nunca é demais lembrarmos de nossa história
denominacional e das palavras de Jesus:
“Porém, a respeito daquele dia e hora ninguém sabe,
nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente o Pai”.
Que
o Senhor Deus nos ensine “a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos
coração sábio” (Salmo 90:12), lembrando-nos sempre que “o temor do Senhor é o
princípio da sabedoria” (Prov. 1:7).
“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns
a têm por tardia. Ele é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se
perca, senão que todos venham a arrepender-se.” (II Pedro 3:10).