Comentário da lição da Escola Sabatina
do 3º Trimestre de 2006
O EVANGELHO, E O JUÍZO
LIÇÃO 11 – O Santuário e o Chifre
Pequeno
Esta lição tem como objetivo definir pelas evidências bíblicas e históricas
como se consumaram as ações do Chifre Pequeno de Daniel capítulo 8 contra o
Príncipe do exército do céu e o Seu Santuário, mais especificamente contra o
Seu ministério “contínuo” ou “perpétuo”.
Como
destacamos no comentário anterior, a linguagem e símbolos usados em Daniel 8
evidenciam que o foco central deste capítulo está nas questões religiosas em
torno do santuário. Muito embora este capítulo traga detalhes das ações do
Chifre Pequeno, símbolo do poder romano, tanto em sua fase pagã quanto cristã,
a ênfase está de forma soberana no aspecto espiritual.
Os
detalhes descritos nos versos
O Cristianismo Apostatado
O
apóstolo Paulo
“Ninguém de
maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia,
e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se
levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se
assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.”
O
discípulo amado João menciona esta apostasia como resultado de um poder
crescente denominado em suas epístolas como o anticristo:
“Filhinhos, esta
é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos
anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora.” I
João 2:18.
“Quem é o
mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo,
esse que nega o Pai e o Filho.” I João 2:22.
“E todo o
espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas
este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e
eis que já está no mundo.” I João 4:3.
“Porque já
muitos enganadores saíram pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo
veio
Mais
tarde, em Apocalipse, o apóstolo João descreverá este mesmo poder apóstata de
várias outras maneiras:
a)
Como o próprio
trono de Satanás (Apoc. 3:13).
b)
Como o dragão que
persegue a mulher e faz guerra contra os seus descendentes (Apoc. 12).
c)
Como a arrogante
Besta que sobe do mar cheio de blasfêmias (Apoc. 13).
d)
Como uma grande
prostituta cheia de nomes de blasfêmia tendo na mão um cálice cheio de
embriagante vinho apóstata, e embriagada com o sangue dos santos (Apoc. 17).
e)
Como a grande
Babilônia, mãe das prostituições e das abominações da terra, cujo seio serve
como morada dos demônios e esconderijo dos anjos caídos, mas que tem sua queda
como decretada pelo céu (Apoc. 17:5 e 18).
Compare
as características do Chifre Pequeno de Daniel 8 com as descrições de
Apocalipse e perceba como se referem ao mesmo poder apóstata:
Daniel
8 |
Apocalipse |
Faz guerra, vence, pisa e destrói o exército do céu |
·
Persegue a
mulher e faz guerra contra os seus descendentes (Apoc. 12) ·
Embriagada com
o sangue dos santos (Apoc. 17) |
Afronta o Príncipe do exército do céu |
·
É o próprio
trono de Satanás (Apoc. 3:13) ·
Arrogância e
Blasfêmia (Apoc. 13) |
Tira do Príncipe o “contínuo”, lança o Seu Santuário
e a verdade por terra, fazendo prosperar o engano |
·
Na mão um
cálice cheio de embriagante vinho apóstata (Apoc. 17) ·
Mãe das
prostituições e das abominações da terra (Apoc. 17:5 e 18) |
Quem é o Príncipe?
Os
textos abaixo apontam para Jesus, o Filho de Deus:
“E disse ele:
Não, mas venho agora como Príncipe do exército do SENHOR. Então Josué se
prostrou com o seu rosto em terra e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor
ao seu servo?” Josué 5:14.
“Porque um
menino nos nasceu, um filho se nos deu; o principado está sobre os seus ombros,
e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai d Eternidade, Príncipe da Paz.” Isaías 9:6.
“Sabe e entende:
desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao
Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as
ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos.” Daniel 9:25.
“Mas eu te
declararei o que está registrado na escritura da verdade; e ninguém há que me
anime contra aqueles, senão Miguel, vosso Príncipe.” Daniel 10:21.
“E Naquele tempo
se levantará Miguel, o grande Príncipe, que se levanta a favor dos
filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que
houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo
aquele que for achado escrito no livro.” Daniel 12:1.
“Deus, com a sua
destra, o elevou a Príncipe e
Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.”
Atos 5:31.
O que é o contínuo?
A
maioria das traduções bíblicas apresenta a expressão “sacrifício contínuo”, porém no texto hebraico existe apenas uma
única palavra, TAMID, cuja
tradução pode ser “contínuo”, “perpétuo”, “constante”, “incessante”, “ininterrupto”
ou “diário” (ver I Reis 4:22, Ezeq. 39:14, Sal. 38:17, Sal. 71:14). Esta
palavra ocorre mais de 100 vezes no Antigo Testamento e é usada com destaque em
referência direta ao serviço diário do santuário terrestre que deveria ser
mantido pelos sacerdotes em contínuo funcionamento:
a)
Contínuo
holocausto (Sacrifício contínuo) - Êxodo 29:38, 42; Números 28:3, 24.
b)
Holocaustos
continuamente oferecidos pela manhã e pela tarde - I Crônicas 16:40.
c)
Fogo do altar
continuamente acesso - Levíticos 6:13.
d)
Contínua oferta
de cereais - Números 4:16
e)
Lâmpadas mantidas
continuamente acessas - Êxodo 27:20; Levíticos 24:2.
f)
O pão contínuo da
proposição - Êxodo 25:30; Números 4:7; II Crônicas 2:4.
g)
O peitoral
sacerdotal para memória contínua diante do Senhor - Êxodo 28:29.
h)
Incenso perpétuo
- Êxodo 30:8.
i)
Contínuo serviço
do santuário - I Crônicas 23:31.
Como
pode ser verificado, é um erro restringir a tradução da palavra hebraica TAMID
ao significado limitado de “sacrifício contínuo”. Seu significado é muito mais
abrangente, pois é aplicada a toda espécie de serviço mantido em contínuo
funcionamento no pátio e no lugar santo (1º compartimento). Podemos dizer que TAMID
(contínuo) refere-se ao ministério diário dos sacerdotes com todas suas rotinas
que mantinham o santuário em permanente e ininterrupto funcionamento.
Quando
o santuário terrestre foi construído o Senhor orientou a Moisés dizendo:
“E me farão um
santuário, para que eu habite no meio deles. Conforme tudo o que eu te mostrei
para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus móveis, assim
mesmo o fareis.” Êxodo 25:8 e 9.
O
santuário terrestre foi construído como um modelo do verdadeiro santuário que
está no céu, de forma que através de figuras e símbolos, representava uma
realidade celestial:
“O ponto
principal do que estamos dizendo é que temos um Sumo Sacerdote tal, que se
assentou à destra do trono da Majestade nos
céus, como ministro do santuário e do verdadeiro
tabernáculo, que o Senhor fundou,
e não o homem.” Hebreus 8:1 e 2.
“Mas Cristo,
tendo vindo como Sumo Sacerdote dos bens já realizados, por meio de um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação.” Hebreus 9:1.
“Depois disto olhei, e abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do testemunho.” Apocalipse 15:5.
O
contínuo serviço do santuário celestial era uma figura ou sombra que apontava
para a realidade do contínuo ministério intercessório de Cristo no santuário
celestial em nosso favor:
“Eles servem num
santuário que é figura e sombra das
coisas celestiais. É por isso que Moisés divinamente foi avisado, quando
estava a construir o tabernáculo: Vê que faças tudo conforme o modelo que te
foi mostrado no monte.” Hebreus 8:5.
“Mas este com
juramento por aquele que lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és
sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque, de tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. E, na verdade,
aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram
impedidos de permanecer, mas este, porque permanece
eternamente [continuamente], tem um sacerdócio perpétuo [contínuo].
Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre [continuamente] para interceder por eles.” Hebreus 7:21-25.
Os
serviços diários e contínuos realizados pelos sacerdotes no santuário terrestre
era uma representação didática do maravilhoso plano em execução no céu para a
salvação da humanidade mediante a graça encontrada única e exclusivamente nos méritos
de Cristo. Foi este sagrado e vital ministério realizado por Cristo em
benefício de nossa eterna salvação que este poder apóstata tirou e lançou por
terra.
Como este poder alcançou este objetivo?
Ano* |
Heresias |
113 |
O
Papa Alexandre I ordena o uso da água benta (costume pagão) |
140 |
Institui-se
o jejum da quaresma (salvação pelas obras) |
160 |
Orações
pelos mortos (imortalidade da alma) |
170 |
Teófilo
de Antioquia usa pela primeira vez o termo “Trindade” (deturpação do
conhecimento do Deus Eterno e de Seu Filho unigênito Jesus Cristo) |
220 |
Tertuliano
e Hipólito lançam as bases filosóficas para o estabelecimento do dogma da
Santíssima Trindade (deturpação do conhecimento do Deus Eterno e de Seu Filho
unigênito Jesus Cristo) |
257 |
Consagração
de ornamentos religiosos e vestes sacerdotais (origem pagã) |
260 |
Começam
as primeiras comunidades monásticas (salvação pelas obras) |
320 |
Uso
de velas e círios (costume pagão) |
381 |
A
igreja cristã oficializada pelo estado recebe o nome de “Católica”
(pretensão) |
321 |
O
dia do Senhor é mudado do sábado bíblico para o domingo (mudança na lei de
Deus) |
416 |
Começa-se
a praticar o batismo de crianças recém-nascidas (tradição acima das verdades
bíblicas) |
431 |
O
Concílio de Éfeso decreta a adoração de Maria como a Mãe de Deus (violação do
exclusivo ministério intercessório de Cristo conforme Atos 4:12 e II Tim. 2:5) |
593 |
É
instituída pelo Papa Gregório Magno a doutrina do purgatório (salvação pelas
obras e imortalidade da alma) |
600 |
O
latim é instituído como o idioma oficial de oração e culto sagrado
(impossibilitar os mais humildes do acesso à vida religiosa) |
610 |
O
título de Papa é instituído pela primeira vez pelo Bispo de Roma Bonifácio
III (hierarquização da estrutura religiosa) |
709 |
É
instituído o costume de beijar o anel e os pés do Papa (idolatria) |
788 |
Veneração
(para não dizer adoração) de imagens, relíquias e cruz (idolatria) |
860 |
O
Papa Nicolau, o grande, declara ter poder para mudar os tempos e ab-rogar as
leis, bem como dispor de todas as coisas, até os preceitos de Cristo
(blasfêmia e arrogância) |
995 |
A
Canonização dos santos é instituída pelo Papa João XV (imortalidade da alma e
violação do exclusivo ministério intercessório de Cristo conforme Atos 4:12 e
II Tim.2:5) |
998 |
A
missa é instituída como sacrifício (desvirtuamento do plano da salvação e da
verdadeira adoração) |
1073 |
O
Papa Bonifácio VII Impõe o celibato aos sacerdotes e monges (salvação pelas
obras) |
1080 |
O
Papa Gregório VII declara que a igreja romana nunca errou, nem errará jamais
(infalibilidade da igreja dirigida por homens) |
1184 |
Estabelecem-se
as bases para a Inquisição (intolerância religiosa) |
1190 |
Institui-se
a venda de Indulgências, que é o pagamento à igreja com a finalidade de obter
o perdão dos pecados (salvação pelas obras) |
1200 |
A
hóstia substitui a ceia (tradição acima da bíblia) |
1215 |
No
IV Concílio de Latrão o Papa Inocêncio III em sua bula “Eu te absolvo”,
introduziu o sacramento da confissão ou confessionário (violação do exclusivo
ministério intercessório de Cristo conforme Atos 4:12 e II Tim.2:5) |
1250 |
Segundo
a tradição, São Domingo de Gusmão recebe a revelação da devoção do Rosário
direto da santíssima virgem (salvação pelas obras) |
1300 |
O
Papa Bonifácio VIII declara que a submissão à autoridade papal é
indispensável para a salvação (arrogância humana em querer ser como Deus) |
1322 |
O
Papa João XXII institui o escapulário como uma forma de indulgência (salvação
pelas obras) |
1546 |
Os
livros apócrifos (não inspirados por Deus) são introduzidos na Bíblia
(tradição acima da Bíblia) |
1550 |
O
Concílio de Trento estabelece o dogma da Transubstanciação (mistificação do
sacrifício de Cristo) |
1854 |
O
Papa Pio IX em sua bula “Ineffabilis Deo” estabelece o dogma da imaculada
conceição de Maria (desvirtuamento da natureza humana de Cristo) |
1869 |
O
Concílio Vaticano I declara como anátema todo aquele que não reconhece no
Papa um legítimo sucessor de Pedro divinamente instituído (tradição acima da
verdade bíblica) |
1870 |
O
Papa Pio IX declara a infalibilidade papal (idolatria e arrogância humana em
querer ser como Deus) |
1894 |
O
Papa Leão XIII declara numa encíclica que o Papa ocupa nesta terra o lugar do
Deus Onipotente (idolatria e arrogância humana em querer ser como Deus) |
1950 |
O
Papa Pio XII declara o dogma da assunção da Virgem Maria (idolatria) |
1965 |
O
Concílio Vaticano II proclama Maria como a mãe universal da igreja
(idolatria) |
*
As datas são aproximadas
Foi
desta maneira que este arrogante, blasfemo e perseguidor poder representado
pelo chifre pequeno procurou tirar das consciências dos homens o exclusivo ministério
intercessório de Jesus no santuário celestial.