Comentário da lição da Escola Sabatina
do 3º Trimestre de 2006
O EVANGELHO, E O JUÍZO
INTRODUÇÃO
O
movimento do advento, por volta dos anos de 1840, que mais tarde deu origem à
Igreja Adventista do Sétimo Dia, de uma forma muito particular e especial,
nasceu do estudo da profecia de Daniel 8:14:
“Até duas mil e trezentas tardes e
manhãs, e o santuário será purificado.”
A doutrina
da purificação do santuário em sua relação com o evangelho eterno e o dia do
juízo é exclusiva da Igreja Adventista, de forma que nenhuma outra denominação
religiosa no planeta interpreta esta profecia desta maneira.
A
grande questão que estaremos perseguindo neste trimestre é:
Existe base bíblica que fundamente de
forma convincente esta doutrina característica da I.A.S.D.?
Ao
partirmos em busca desta resposta, precisamos estar cientes que está em jogo
algo muito mais importante que a crença em mais uma doutrina entre muitas
outras, tais como, a existência ou não de um inferno, a mortalidade ou
imortalidade da alma, ou mesmo o próprio sábado do sétimo dia. Está em jogo,
nada mais nada menos que a própria existência da Igreja Adventista como um povo
que acredita ter surgido de num momento profético com uma mensagem singular.
Dependendo
da resposta que encontrarmos para esta pergunta vital, precisaremos fazer
outras perguntas. Por exemplo, no caso de ficar comprovado a falta de base
bíblica para se sustentar esta doutrina, a questão será: Por que devo continuar sendo um Adventista do Sétimo Dia?
Agora,
caso se verifique os fortes e inabaláveis fundamentos bíblicos onde repousa
esta peculiar interpretação profética, precisaremos começar a analisar em que
nossa igreja está se transformando atualmente e reavaliar nossa postura
perguntando-nos: Estamos cumprindo nossa
missão peculiar?
Como
você pode ver muita coisa poderá estar em jogo neste trimestre e a verdade não
teme investigação!
O GRANDE CONFLITO ENTRE
CRISTO E SATANÁS
Foi
em Ohio (USA), num funeral realizado numa tarde de domingo, em março de 1858,
na escola pública de Lovett's Grove, que foi dada à Ellen G. White a visão do
grande conflito entre Cristo e seus anjos e Satanás e seus anjos, desde seu
início até ao fim. Em 1888 surge o livro O
Conflito dos Séculos, onde as cenas que lhe foram apresentadas em visão
foram escritas de maneira mais completa. Dois anos depois, em 1890, ela
escreveu o livro Patriarcas e Profetas
cujo capítulo inicial apresenta impressionantes detalhes de como este conflito
que começou no céu.
Quando
se fala no grande conflito cósmico entre Cristo e Satanás, imediatamente quase
todo adventista do sétimo dia pensa nos escritos de Ellen White. Portanto, a
questão aqui é:
O grande conflito entre Cristo e Satanás
está baseado naquilo que a Bíblia ensina ou em uma visão que Ellen White teve?
Vamos
à Bíblia: Apocalipse 12:7-12
Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos
pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não
prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande
dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o
mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. Então, ouvi
grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do
nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos
irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Eles,
pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do
testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida. Por
isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar,
pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo
lhe resta.
Os
versos acima são muito claros e diretos, de forma que não deixa qualquer sombra
de dúvida quanto ao grande conflito entre Cristo e Satanás ser uma verdade
Bíblica.
Por
estes versos sabemos:
1- O Conflito começou no céu;
2- De um lado está Miguel (Cristo*) com seus anjos;
3- E do outro está o dragão (Satanás) com seus anjos;
4- O dragão foi expulso do céu e tem como objetivo
seduzir outros para o seu lado;
5- A identificação do dragão como a antiga serpente
(alusão a Gênesis 3), o diabo ou Satanás;
6- O conflito se transferiu para este planeta;
7- A morte de Cristo não somente trouxe salvação para
as pessoas que vivem neste planeta, mas estabeleceu novamente a autoridade do
Filho de Deus expulsando de forma definitiva os anjos rebeldes do convívio
celestial juntamente com todas as acusações que antes faziam diante de Deus;
8- A vitória foi estabelecida mediante o sangue do
cordeiro;
9- Aqueles que se posicionaram do lado vitorioso podem
ter que selar sua decisão com a própria vida;
10- Todo o planeta estará sofrendo tendo em vista a
ação desesperada de Satanás, que já sabe que pouco tempo lhe resta.
É
curioso observar que o capítulo 12 de Apocalipse encontra-se no centro deste
livro, pois são 194 versos até o último verso de Apocalipse 11, e 193 versos do
capítulo 13 ao 22. E mais, os versos
* Miguel significa “Quem
é como Deus?” ou “Quem é igual a Deus?”
Este
nome só aparece 5 vezes na Bíblia:
Dan. 10:13 – Miguel, um dos primeiros príncipes.
Dan. 10:21 – Miguel, vosso príncipe.
Dan. 12:1 – Miguel, o grande príncipe.
Judas 9 – O Arcanjo Miguel.
Apoc.12:7 – Miguel e seus anjos.
Em
Judas (verso 9) Miguel aparece como o Arcanjo (chefe dos anjos), e na Bíblia só
existe apenas um outro texto onde a palavra “Arcanjo” aparece, I Tess. 4:16.
Neste texto o Senhor Jesus é descrito pelo Apóstolo Paulo como aquele que irá
descer “do céu com grande brado, à voz do Arcanjo”, por ocasião da primeira
ressurreição, ou seja, na Bíblia só existe um Arcanjo, e este é claramente
identificado como sendo Jesus (comparar com João 5:28 e 29).
Jesus
usa o nome Miguel só quando
aparece enfrentando a Satanás, o qual tinha a pretensão de ser como Deus (ver Isa. 14:14).
Aliás, já que estamos falando deste assunto, aqui está mais uma dentre
as muitas evidências bíblicas de que o dogma da Trindade é uma farsa. Os
trinitarianos afirmam que Jesus é o Deus eterno, da mesma forma que Deus Pai e
o Deus Espírito Santo. Porém, no caso do nome Miguel aplicado a Jesus, Daniel
deixa bem claro que se trata de um príncipe. Um termo muito bem aplicado quando
se refere a Jesus, o “Filho” unigênito do Deus eterno.
JUSTIFICAÇÃO E VINDICAÇÃO
Vimos
em Apoc. 12:7-12 que no grande conflito universal, Satanás está em ação “de dia
e de noite” acusando a todos nós diante de Deus. Em Zacarias 3:1-4 encontramos mais detalhes deste processo:
Ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o
qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para
se lhe opor. Mas o anjo do Senhor disse a Satanás: Que o Senhor te repreenda, ó
Satanás; sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda! Não é este um
tição tirado do fogo? Ora Josué, vestido de trajes sujos, estava em pé diante
do anjo. Então falando este, ordenou aos que estavam diante dele, dizendo:
Tirai-lhe estes trajes sujos. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que
passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de trajes festivos.
Este
texto amplia uma faceta do grande conflito entre Cristo (o Anjo de YHWH) e
Satanás:
1- O sumo sacerdote Josué diante do Anjo do Senhor
tendo a sua direita Satanás fazendo oposição (resistência, acusação);
2- O Anjo do Senhor repreende a Satanás em nome do
Deus eterno;
3- O sumo sacerdote Josué é comparado a um tição
tirado ou resgatado do fogo;
4- O sumo sacerdote Josué estava vestido com trajes
sujos simbolizando sua iniqüidade ou pecaminosidade;
5- O Anjo do Senhor ordena que os trajes sujos sejam
retirados e substituídos por trajes limpos.
Encontramos
aqui uma descrição que pode muito bem assemelhar-se as cenas de um julgamento:
O réu = O
sumo sacerdote Josué
O advogado de defesa = O
Anjo do Senhor
O advogado de Acusação = Satanás
A acusação = Iniqüidade
A prova = Roupas sujas
A sentença = Morte pelo Fogo
Caso
o Anjo do Senhor não tivesse falado nada e não tivesse feito nada, nos parece
que a condenação do sumo sacerdote Josué era líquida e certa, pois para a
acusação que lhe foi imputada existiam provas suficientes para a sua
condenação. No entanto, de forma surpreendente o advogado de defesa se levantou
para fazer calar a acusação e mudar o status do réu de culpado para inocente.
Como
pode ser isto?
Como
pode as provas serem trocadas?
Como
pode a acusação ter sido cancelada?
Como
pode alguém comprovadamente culpado ter tido como inocente?
A
resposta que o Deus eterno deu para todo o universo está na CRUZ DE CRISTO:
Porei inimizade entre ti e a mulher, e
entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe
ferirás o calcanhar. (Gen. 3:15).
Fez o Senhor Deus vestimenta de peles
para Adão e sua mulher, e os vestiu. (Gen. 3:21).
Deus proverá para si o cordeiro para o
holocausto ... tomou o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu
filho. (Gen. 22:8 e 13).
Aos dez deste mês tome cada homem um
cordeiro para a sua família, um cordeiro para cada casa ... os guardareis até o
décimo quarto dia deste mês, quando toda a assembléia da congregação de Israel
o matará ao crepúsculo. Tomarão o sangue e o porão em ambas as ombreiras, e na
verga da porta, nas casas em que o comerem ... esta é a páscoa do Senhor ... o
sangue vos será por sinal nas casas que estiverdes. (Exo. 12:3, 6, 7, 11 e 13).
Também cada dia prepararás um novilho
como oferta pelo pecado para as expiações ... cada dia continuamente ... este
será o holocausto contínuo. (Exo. 29:36, 38 e 42).
Verdadeiramente ele tomou sobre si as
nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si ... mas ele foi ferido
pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos
traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados ... o Senhor
fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos ... pela transgressão do meu povo
foi ele atingido ... o meu servo, o justo, justificará a muitos, e as
iniqüidades deles levará sobre si ... pois ele levou sobre si o pecado de
muitos, e pelos transgressores intercedeu. (Isa. 53:4, 5, 6, 8, 11 e 12).
Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado
do mundo! (João 1:29).
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna. (João 3:16).
Pois todos pecaram e destituídos estão
da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela
redenção que há
Mas Deus prova o seu amor para conosco,
em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. (Rom. 5:8).
Quem intentará acusação contra os
escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo
quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está a direita de
Deus, e também intercede por nós. (Rom. 8:33 e 34).
Pois Cristo, nossa páscoa, foi
sacrificado por nós. (I Cor. 5:7).
Pois primeiramente vos entreguei o que
também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as escrituras. (I
Cor. 15:3).
Aquele que não conheceu pecado, ele o
fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. (II Cor.
5:21).
Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado no madeiro. (Gálatas 3:13).
Nós temos a redenção pelo seu sangue, a
remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça. (Efésios 1:7).
Havendo por ele feito a paz pelo sangue
da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto
as que estão na terra como as que estão nos céus. (Col. 1:20).
Porque há um só Deus, e um só Mediador
entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em
resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo. (I Tim. 2:5-6).
Jesus, coroado de glória e de honra por
causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por
todos. (Hebreus 2:9).
Sabendo que não foi com coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de
viver ... mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito
e sem mancha. (I Pedro 1:18 e 19).
Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro,
para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; pelas suas
feridas fostes sarados. (I Pedro 2:24).
O sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos
purifica de todo pecado. (I João 1:7).
Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo
para que não pequeis. Se, porém, alguém pecar, temos um Advogado para com o
Pai, Jesus Cristo, o justo. Ele é a propiciação pelos nossos, e não somente os
nossos, mas também pelos de todo o mundo. (I João 2:1 e 2).
Aquele que nos ama, e em seu sangue nos
lavou dos nossos pecados. (Apoc. 1:5).
Dignos és de tomar o livro, e de abrir
os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens
de toda tribo, e língua, e povo e nação. (Apoc. 5:9).
Estes são os que vieram de grande
tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do cordeiro.
(Apoc. 7:14).
Bem aventurados aqueles que lavam as
suas vestes no sangue do cordeiro para que tenham direito à árvore da vida, e
possam entrar na cidade pelas portas. (Apoc. 22:14).
É
desta maneira que o pecador pode ser justificado e o caráter de Deus pode ser
vindicado perante todo o universo.
É por
este motivo que no grande conflito entre Cristo e Satanás, no qual todos nós
participamos, o segredo da vitória, tanto de Deus como nossa, está única e
exclusivamente no SANGUE DO
CORDEIRO:
Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro.
(Apoc. 12:11)